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Vestígio: inscrições do tempo na imagem

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Exposição Vestígios

Galeria de Artes do GOMA - Arte e Cultura

Período expositivo 29 de setembro a 10 de outubro de 2019

    “Poucas vezes conseguimos racionalizar as forças pelas quais somos atravessados. Tempo, espaço, luz e gravidade são percebidos simultaneamente pelo corpo. Essas intensidades físicas são evidências pouco abertas a interpretação, pois, não fosse assim, não haveria pontes, prédios e satélites que se sustentassem. Esse pensamento levado à temporalidade também pode ser irrefutável por datação material-formal. Sabemos que a terra surgiu a aproximadamente 4,56 bilhões de anos atrás, junto a isso, temos também evidencias das forças que atuaram em sua formação. Conscientes ou não das forças geofísicas, somam-se a elas outras forças que carregam os sentidos que damos a nossas relações sociais, ambientais, interespécie e que compõe a produção de nossa subjetividade, essas sim, interpretáveis. Para fazer uma fotografia é necessária intimidade com ambos os sentidos de forças. A câmera não tem a sensibilidade dos nossos olhos, então, logo de início, o fotógrafo olha para a luz a partir das lentes de seus olhos e câmera ao mesmo tempo.

    Dizia Vilém Flusser que no momento do registro o fotógrafo tem a tarefa de condensar três dimensões (tempo, espaço e luz) em apenas um plano bidimensional (altura x largura). Esse movimento de transcodificação, ou tradução, já refuta qualquer referente com a experiência vivida do corpo, torna-se assim, um resíduo de uma experiência eventual do fotógrafo. O presente já se tornou passado e é irreversível, está para sempre perdido. O que então permanece da experiência? O que fora documentado? A única evidência que podemos pensar nesse sentido seu resíduo material-formal: um filme ou um sensor digital queimado pela luz. As fotografias antigas que nos despertam memórias, não são um movimento de reviver o passado. Apesar de olharmos para elas com essa predisposição, fomos educados visualmente pelo pensamento historicista a entendê-las como fato documental. A cada dia que as vemos estamos interpretando a partir de quem somos no presente. Preservamos nossos afetos e sentimentos para com o passado, mas para acessar a imagem, precisamos utilizar a imaginação para criar uma narrativa ficcional do que aconteceu. É nesse momento, enfim, em que ela se torna potente.

    Quando a artista Lia Maurer toma consciência das forças geofísicas e subjetivas que envolvem a sua fotografia ela produz um corpo resíduo, uma materialidade evidente, mas é na imagem que ela passa a tratar de criação. Consciente de que sua ação não tem compromisso com uma memória linear, ela desloca todos os índices de que esta poderia ser sua intenção. Seu enfoque passa a ser então com questões formais artísticas e poéticas tais como cor, composição e movimento, com as quais demonstra muita habilidade. A partir disso, direciona-se a questão estética possibilitando perceber seus trabalhos como observador ativo, ou seja, somos convidados a compor sentidos para suas imagens-vestígio numa experiência presentificada. Nessa exposição, há ainda uma narrativa mais direcionada pela artista sobre seu know-how, na qual temos possibilidade de conhecer seu processo de familiarização com a ação fotográfica composta por cadernos de estudos e dispositivos fotográficos artesanais”.

     -Texto curatorial por Mathias Reis

Série Pinhole 120mm (2019)

Fotografia com Pinhole de MDF

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Identidade (2019)

Fotografia Digital

Registros da pesquisa comm Pinholes 

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Seoul (2019)

Fotografia Digital

Identidade, Saída à Esquerda e Linha Azul (2019)

Fotografia Digital

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Exposição Vestígios

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